Um belo exemplo de colaboração entre instituições indígenas e não indígenas. Pequeno, barato, (aliás, virtualmente auto-sustentável!) mas muito útil e também promissor, enxergando um futuro sem COVID-19.
O abastecimento das comunidades em produtos de higiene básico sobretudo, e também em alimentos (devido isso a uma política assistencialista e culturalmente colonizadora que inibiu ao longo das décadas a produção alimentar nas terras indígenas) é questão de vida ou morte para poder manter o confinamento. Nesse contexto, em colaboração estreita com o Departamento de Assistência ao Índio da Prefeitura de Barreirinha, o CGTSM (cujo secretário, Jecinaldo Sateré, é também o Coordenador do DAI) criou um sistema de abastecimento em segurança total às lojinhas sateré-mawé nas aldeias, autorizadas pelos tuxauas, ou a pontos de produtores associados no Consórcio. A mercadoria, que chegando de barco de Manaus nem sai do Porto de Barreirinha, imediatamente recebe sanificação pela Prefeitura e é diretamente translada no barco do CPSM, braço econômico do CGTSM, que durante a pandemia transferiu sua sede no Centro de Excelência de Vintequilos, na porta de entrada à Terra Indígena pelo Rio Andirá. Cada vez a procedura de sanificação se estende a ambos os barcos. E ainda ao transporte sofre o controle da barreira ao ingresso da TI, vigiada pela Prefeitura de Barreirinha e a FUNAI (incluindo funcionários sateré) depois do abandono por parte do DSEI.
O barco do CPSM, sob o comando do Obadias, Presidente do CGTSM, leva:
sabão e outros higienizantes, terçados, machados, botas, gasolina, diesel, mas também sal, açúcar, café, frango, peixe, óleo de cozinha, arroz, e outros produtos.
Isso acontece cada semana. O serviço é hoje muito incompleto e emergencial, mas, além do alívio que ele consegue trazer nesse momento difícil, deve ser imaginado como um novo embrião do "Projeto Comércio", a ser gerenciado no futuro por uma Associação dos Consumidores Sateré-Mawé, assim como previsto e determinado pelo Estatuto do CGTSM.